Hoje excepcionalmente o blog não vai falar de pechincha! Mas é por um bom motivo. Vim contar pra vocês um pouco da minha história recente. Ano passado, com 22 anos, descobri que tinha câncer de mama, um nódulo bem grande do lado esquerdo. Como minha mãe e avó tiveram essa doença, eu de certa forma esperava ter um dia, mas nunca tão cedo!
10 em cada 10 pessoas me perguntam como eu descobri, então vou logo contar: o nódulo “brotou”, do dia pra noite, e foi crescendo cada vez mais. Não era bem uma bolinha como temos no imaginário, e sim uma “massa” irregular, não tinha um formato definido. Dava pra sentir bem, mas não são em todos os casos que isso é possível.
No começo pensei: “imagina, nunca que isso deve ser câncer, impossível porque sou muito nova”. Aquela sensação que temos de que a desgraça nunca vai acontecer com a gente, só com os outros. Por isso, empurrei muito com a barriga e não fui ao médico de cara. Um dia, lendo o blog da Julia Petit, vi várias fotos de mulheres que retiraram os seios por causa de câncer de mama. Aquilo me chocou, e me fez decidir marcar uma consulta e ver o que era o tal do nódulo.
Algumas consultas e exames depois, foi dado o diagnóstico. Meus pais ficaram sabendo antes, foram muito fortes e sábios e não me contaram no momento. Eu estava no finalzinho da faculdade, tinha prova pra fazer e Economíadas pra curtir. Ia perder tudo isso por preocupação. Eles me contaram algumas semanas depois, porque o médico tinha que me operar e eu tinha que saber de tudo.
Decidi junto com meu médico que iria retirar os dois seios (a tal da cirurgia da Angelina Jolie), e iria colocar próteses no lugar. Fiz a cirurgia, doeu muito! Quase dois meses depois, comecei a quimioterapia. O tratamento faz jus a fama, é mesmo horrível. Os efeitos são tão pesados que perder cabelo passa a não ser um problema tão grande assim…
Ah o cabelo…eu era daquelas que ia no salão e pedia pra cortar só as pontas. Se cortavam mais, eu até chorava hehehe. Era o meu xodó. Mas na hora que o médico me avisou que ia cair me veio uma força do além e eu juro que fiquei firme. Não ia deixar aquilo me derrubar. Ele me aconselhou a raspar o cabelo antes de começar a cair, pra guardar e fazer mega hair depois. Eu decidi que ia fazer isso. Fui cortar, sentei de frente pro espelho, olhei o processo todo, não chorei nem uma lágrima (como acontece nas cenas de novela). Coloquei uma peruca de cabelo natural e usei até o meu cabelo voltar a nascer.
Nunca fui muito de me lamentar. Resolvi fazer do limão a limonada. Usava lenço quando dava preguiça de colocar peruca. Passava uma maquiagem mais forte pra disfarçar. Assim que o médico me liberou, fui pra balada de peruca e cílios postiços mesmo. Passei a fazer mais daquilo que eu amava, e receber muito mais carinho da família e dos amigos. Em casa, de molho, resolvi fazer esse blog e realizar um sonho que tinha. O tratamento acabou, o cabelo voltou a nascer, o corpo aos poucos está desinchando dos remédios e voltando ao normal.
Semana passada a Beleza na Web me convidou pra fazer um ensaio sobre o Outubro Rosa, dando dicas de beleza e contando um pouco da minha história. Na hora topei e achei o máximo. Fizemos um dia de modelo com maquiagem profissional da Shiseido e com direito até a vento na cara, tipo Beyoncé…hehehe. Quem escreveu e comandou a matéria foi a maravilhosa Cynthia Greiner, que já dirigiu a Nova, Boa Forma e Claudia (apenas!).O resultado está nas fotos abaixo, vejam aqui a matéria completa, ficou demais. Gostaria de agradecer a equipe e a homenagem que fizeram, me senti poderosa!



Esse post gigantesco e a minha iniciativa de topar me expor e fazer essas fotos foi para apoiar o Outubro Rosa. Mulherada, não deixem de ir ao médico, façam os exames de rotina e o auto exame. Não empurrem com a barriga como eu fiz…quanto mais cedo for feito o diagnóstico, melhor. Infelizmente, não existe idade pra ficar doente. Na dúvida, procure o seu médico!
Acho que tem muita coisa na vida que dói. Ficar doente dói. Ver alguém que você ama sofrendo dói muito. Perder alguém querido dói demais. Mas em todas essas situações o tempo passa e a dor cicatriza. Pode demorar, mas ela passa. E aquele clichezão é super válido: o que não te mata, te fortalece!